Reciclagem de materiais de demolição: desafios e perspectivas

A reciclagem faz parte do cotidiano atual da nossa sociedade. Hoje em dia, após inúmeras campanhas de conscientização, criamos uma cultura de separação e reaproveitamento do lixo domiciliar. Além disso, surgiram novas formas de trabalho a partir deste material, como é o caso das cooperativas de catadores, que fazem do lixo reciclável sua forma de renda.

Toda esta consciência ambiental também começou a ser aplicada em diversos setores da indústria. Atualmente, uma empresa que não possui a sustentabilidade em seus ideias tem menos chances de se destacar no mercado. Isto porque investidores procuram empresas que estão conectadas com os objetivos de preservação do meio ambiente e sustentabilidade.

Assim, a reciclagem se tornou extremamente importante para todos setores da sociedade. E como não poderia ser diferente, o ramo da construção civil também está cada vez mais envolvido nesse sentido. Isto é movido, principalmente, pelos resíduos gerados durante as obras e construções. Além disso, materiais resultantes de demolições estão sendo cada vez mais reaproveitados através de gerenciamento de resíduos e gerando lucro também para as empresas de construção civil, mas ainda há muito que melhorar.

De acordo com uma reportagem publicada pelo site Arch Daily, estruturas antigas e ultrapassadas geraram, apenas nos EUA, uma indústria da demolição que atinge a cifra de US$ 4 bilhões, com expectativa de crescimento com o passar do tempo. A matéria também destaca que somente em 2010, estima-se que 104 milhões de toneladas de materiais foram deslocados dos seus locais de origem para o resto do país, respondendo por apenas 40% do fluxo anual de resíduos sólidos do país.

É claro que, com o avançar da tecnologia, precisamos reestruturar a forma de reciclagem para que ela seja cada vez mais eficiente. Precisamos pensar em uma forma de dar uma nova vida aos materiais resultantes da demolição e, a partir disso, evitar que eles se tornem obsoletos e que fiquem acumulados em aterros sanitários. Conforme a reportagem, no Reino Unido, a indústria da construção civil responde por 60% de todos os materiais utilizados, além de gerar um terço dos resíduos mensurados e 45% de todas as emissões de CO2, através do processo de construção e demolição.

Outro ponto importante para que a indústria da construção civil fique atenta é ao aumento dos resíduos para os próximos anos. As projeções atuais mostram que a extração de material triplicará nas próximas três décadas, bem como a produção de resíduos até o final deste século. Além disso, devemos estar cientes de que o lixo compreende não apenas materiais de grande escala, como concreto, vigas metálicas, materiais de isolamento e madeira, mas também as porcas e parafusos menores de um edifício.

É claro que essa preocupação com a reciclagem e com a sustentabilidade ainda está em crescimento e precisa melhorar bastante. Por muito tempo a cultura de limpeza na construção civil se manteve com um padrão, fazendo a retirada dos resíduos para um lixão, sem grandes preocupações com reaproveitamento do material. Muitas peças que poderiam ser recuperadas acabavam sendo descartadas, muitas vezes por questões de cronograma apertado ou até mesmo falta de espaço para armazenar os materiais, além do desconhecimento de quem estaria disposto a comprá-los e reutilizá-los.

Com a mudança de cultura e o avanço da tecnologia, a preocupação com a sustentabilidade aumenta e, por isso, cria-se cada vez mais pressão para criar soluções ecologicamente corretas. Desse modo, caminhamos para estabelecer um processo de reciclagem melhor e mais eficiente, mas que ainda precisa muito de melhorias e, possivelmente, que seja uma reestruturação mais rápida.

Isto também é movido pelo aumento do preço dos aterros e, além disso, os orçamentos para novas obas estão se tornando cada vez mais rigorosos. Assim, os trabalhadores da construção civil estão descobrindo novas maneiras de oferecer uma segunda chance aos materiais de construção. Principalmente através de usinas de reciclagem, que podem transformar estes resíduos em novos materiais e equipamentos para as obras.

Um exemplo é o Lendager Group, com sede em Copenhague, que já explorou as possibilidades de reutilização de materiais de um local de demolição, em uma nova construção. Conforme a reportagem, eles elaboraram o projeto Resource Rows, um complexo habitacional construído com materiais reciclados da região. A fachada apresenta um padrão único de tijolos em diferentes direções que faz homenagem à identidade e à história das cervejarias Carlsberg, bem como, das antigas escolas e casas abandonadas, das quais os materiais foram recuperados. Como não é mais possível reciclar os tijolos individualmente, devido à resistência da argamassa, os tijolos do projeto Resource Rows foram divididos em módulos, processados e aplicados de forma a criar uma nova fachada. Essa técnica reduziu as emissões gerais de CO2 da fase de construção.

A reciclagem a partir do gerenciamento de resíduos

Um dos pontos de partida para a construção civil entender a importância da reciclagem. O setor é, por exemplo, responsável por 50% da produção de resíduos de todo o país. Assim, é necessário que a indústria como um todo se empenhe para melhorar nesse sentido e criar novos métodos de recuperação dos materiais. Um destes, que é cada vez mais comum é o gerenciamento de resíduos, que colabora no aproveitamento de entulhos provenientes de demolições.

Conforme o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), o nome dado para os resíduos originários da construção civil é entulho. Existem quatro classes que são classificadas conforme o tipo de material. As classes A, B, C e D dividem-se entre tijolos, blocos de telhas, madeiras, vidros, gesso, estopas, lixas, pincéis, solventes, tintas, entre muitos outros. Cada um tem uma maneira correta de descarte e a sua separação consciente facilita na hora de realizar a reciclagem.

Tudo isso é muito importante para a natureza. Além de poupar recursos hídricos, também reduz o desmatamento de áreas com pedreiras, evita o descarte irregular e ainda gera renda e trabalho para muitas pessoas. Estima-se que 42% dos materiais recuperados são vendidos para construtoras e pavimentadoras, e o restante é distribuído para órgãos públicos, pessoas físicas e outros.

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